sexta-feira, 24 de junho de 2011

O menino que carregava água na peneira


Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino
que carregava água na peneira.

A mãe disse que carregar água na peneira
era o mesmo que roubar um vento e sair
correndo com ele para mostrar aos irmãos.

A mãe disse que era o mesmo que
catar espinhos na água
O mesmo que criar peixes no bolso.

O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos.

Com o tempo aquele menino
que era cismado e esquisito
porque gostava de carregar água na peneira

Com o tempo descobriu que escrever seria
o mesmo que carregar água na peneira.

No escrever o menino viu
que era capaz de ser
noviça, monge ou mendigo
ao mesmo tempo.

O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras.
E começou a fazer peraltagens.

Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro
botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.

O menino fazia prodígios.
Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.

A mãe falou:
Meu filho você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.

Você vai encher os
vazios com as suas
peraltagens
e algumas pessoas
vão te amar por seus
despropósitos.

(Manoel de Barros)

domingo, 19 de junho de 2011


“Livros não são folhas empoeiradas, não são um amontoado de páginas cansadas e tristes. São exatamente mãos, braços e pernas que libertam, que arrebentam as algemas de nossa vil ignorância, tornando-nos tão desafiadores quanto a vida nos apresenta ser, e tão perigosos quanto as ciladas que se armam vez por outra no caminho. Os livros libertam. Seja uma pessoa livre!”

(Desconheço o autor)

terça-feira, 14 de junho de 2011

Cartaz para uma feira do livro


“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem.”

(Mário Quintana)

sexta-feira, 3 de junho de 2011


“De dentro de mim não saio nem pra pescar.”

(Manoel de Barros)
Foto: Najla Santos