O sol da manhã
me trazia inspiração.
Escrevia um bilhete
para a dona do meu coração.
"O que te digo é fato
não sei viver sem você.
O resto é boato.
Só sei te querer."
Rumo à casa dela
um forte vento soprou.
O pedaço de papel
de minhas mãos arrancou.
O vento venci,
o papel resgatei.
Embaixo da porta dela
o bilhete coloquei.
Já estava preocupado,
mas a resposta não tardou.
Pelas mãos da irmã dela
a nova carta chegou.
Ao lê-la me surpreendi,
pois tal resposta não esperei.
Precisei ler duas vezes
para ter certeza de que não me enganei.
"Quanta grosseria!
Pensei que fosses mais gentil.
Poderia ter-me dito isso
de um modo mais sutil.
"Não precisa se preocupar,
problema não serei.
Não terá que olhar para mim,
pois em tua frente não aparecerei."
Fiquei embasbacado!
O que aquilo queria dizer?
Vou à casa dela
para a situação resolver.
Com uma amiga ela conversava
sentada na calçada,
e nem pareceu notar
a minha chegada.
Parei em frente a ela
com cara de interrogação.
Esperava ouvir de sua boca
ao menos uma explicação.
Ao olhar para mim,
notando minha expressão,
pegou meu bilhete
e entregou em minha mão.
Não nego:
escrevi uma declaração,
mas tenho certeza
de que essa não foi, não!
"O que te digo é fato
não sei te querer.
O resto é boato.
Só sei viver sem você."
Então compreendi
o que aconteceu.
Uma ideia absurda
em minha mente ocorreu.
Aquele vento danado,
que o bilhete veio roubar,
havia mudado
as palavras de lugar.
Nada pude fazer
à não ser me conformar.
A natureza tem suas razões
que não se deve questionar.
Voltei para casa.
Papel e caneta na mão
para escrever nova carta
à minha segunda opção.
(Layanne Rezende)
19.03.2009